sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Linda


¨Sim, já escrevi a outras mulheres antes.Articulo bem as palavras a fim de suprir a necessidade feminina por romances, por palavras que de tão simples se tornam belas, por versos que desejam ser lidos e principalmente precisam ser, em tempos de trogloditas disfarçados de homens e monstros insensíveis camuflados em seus carrões e whiskys nas noitadas do assentimentalismo.

Nós homens vivemos questionando o fato das mulheres gostarem tanto de novela, de chorarem sempre no último capítulo, de exigirem silêncio mesmo na hora da abertura e outros tantos “detalhes” que julgamos fragilidade. É que pelo menos na tv, todos os dias, às 8 da noite, um gentil homem é cavalheiro, fino, educado e sabe fazer coisas simples como abrir a porta do carro ou ceder o paletó em noite de brisa fria e como se não bastasse sabe fazer também coisas mágicas como se atirar na frente de um carro para salvar o cachorrinho branco e frágil da mulher amada, consegue dizer poesias inteiras no silêncio de um olhar e consegue com um simples toque, tocar milhares simultaneamente, rompendo os limites das telas e invadindo milhões de lares, trata-se de saber como pegar na mão e como em uma dança, saber conduzir a dama por todo o salão de gala, o salão nobre do amor em potencial.

Talvez por isso eu também goste tanto dos últimos capítulos.Uma vez li uma crônica sobre pessoas responsáveis sentimentalmente, que têm consciência e responsabilidade para com o sentimento alheio, buscam na pureza da verdade toda ação em um relacionamento, tornando ínfimo o espaço para desilusões, mágoas, traições e vários outros sofrimentos que não existiriam, se todos tivessem certo sentimentalismo sustentável, afinal "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".E justamente por cativar e ser cativado é que as vidas não mais se independem, é a significância do seu sorriso que me da a vontade de te querer, é o saber que estás a minha espera que me faz cantarolar no chuveiro, a sua boca doce é que me faz beijar apaixonado, ao ponto de fechar os olhos e me enxergar por dentro em vários tons de felicidade e ao abrir e ver que estás me espiando com a carinha mais linda de todo o mundo-univérsitico-galaxial-marinho e azul é que me da a certeza de te dizer, com responsabilidade sentimental cativante e ao mesmo tempo totalmente cativado por você:

-Sim, já escrevi a outras mulheres antes, mas nunca amei a nenhuma delas como eu te amo, e silêncio que vai começar a novela.¨


Ítalo Guariz, Carta a uma doce linda Mulher

29/09/2007


Tem como não amar?

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